2 de abr. de 2008


Deu zebra
meu avô só me ensinou a jogar dominó e pescar. não sou mulher de tabuleiros. nem de blefar. foi por conta disso que me deixou. sinto a falta dele como quem perde o gol. me tratou tão mal aquele desconsertado. fiquei dias e noites inconsolável. que pessoa estranha fica o apaixonado. não era pro meu naipe aquele safado. fui até meu Babá pedir ajuda. mandinga de amor cura. me enfeiticei para esquecê-lo. rezei para Ogum, meu guerreiro. pedi outro homen no meu terreiro. jogo de várzea esse seu. quero um grande artilheiro. mas ainda sinto uma gastura só de pensar. aquele homem canalha por aí a vadiar. tabela mal feita com seu Orixá. camisa amarela para não se entregar. uniforme de folguedo para não me amar. seu corpo leviano que já não quer me usar. lance arriscado. minha boca vermelha de puta a praguejar. aqueles olhos famintos, aquele homem vulgar. disse que não me quis para não me magoar. me deixou um desgosto de amargar. Ai, Vinicius não quis me ajudar. se não me trouxe aquele bandido, é porque boa coisa não há. acho que foi depois do Carnaval. ou antes de eu me acostumar. vou jogar no bicho, cachorro!

Um comentário:

Anônimo disse...

tô lendo, tô lendo... tô gostando, sério mesmo!