23 de jul. de 2008

casa completamente entregue aos meus bichos soltos. jaguatirica de boteco. novas tentativas com novos sons e temperos. remendos retalhos. minhas queridas escudeiras continuam a me defender. saudosismo reflexivo para tempos de invasões bárbaras. três reis magos passaram e não me deixaram nada. bagunço tudo. não sou tão frágil quanto posso parecer. não como pelas bordas. me jogo de cara no prato. sou tormenta carinhosa. flores selvagens na mesa. não venha ave rapina não pense que levou minha paz. sou tempestade disfarçada de garoa. continuo na guerra insana pela descoberta. já fui a criança mais linda do mundo. sigo mesmo sem você. falta um pedaço do livro que colori. minha estante está cheia de poesia e mar. meu rio se despede das águas escuras. vejo de novo o brilho das coisas que esqueci. memória instantânea com fermento biológico. esfinge na madrugada fria. meu batom vermelho e eu fizemos um pacto. me resta sorrir.

4 de jul. de 2008


bem-vindo! não se assuste. tenho uma impressão boba da vida. tempo medido pelas sensações. criança hedonista. não enxergo um palmo além do que posso entender. o oficio me rende momentos de distração. minha selvageria eu canso com a labuta. horas árduas de cansaço transcendental. por não saber onde ir sempre chego ao lugar certo. enxergar muito ver pouco. a única certeza é o amor. mesmo na recusa. mesmo em sua ausência. porque amar me parece um gesto quase solitário. a falta de ti eu sinto em mim. pedaço que perdi logo que encontrei. tenho essa impressão boba da vida. misturo a finitude e a eternidade. moram juntas na caixa de xadrez. antes disso era só compreensão. aprendo a viver e morro aos poucos. agora há de fato uma vida. já não sinto os minutos contundentes. sinto algo que se alastra criando um novo caminho. força de uma história. tenho uma impressão inquieta da vida. que só sossega nos teus braços...
Imagem - Louise Bourgeois , Recent works.