31 de mar. de 2008

uma dor pungente. meu encontro marcado com o engano. mais um porco transformado em pérolas. te espero para te perder. desilusão. meu corpo pede abrigo. deus me tira seu cobertor. te xingo. tenho a raiva das mulheres que correm. você não enxerga um palmo de mim. tuas escolhas são sórdidas. criança mimada querendo aparecer. te dei muita coisa. retiro o manto e visto a última camisa colorida. você não merece uma rainha. preferia chorar. você já usou minhas lágrimas. quis correr em ti. homem represa. enchente na minh'alma. me abandono neste dia. volto para o início do jogo. meu tabuleiro marcado. minha espera estratégica. seu cheiro no meu travesseiro. abri as portas à toa. não sou eu que estou ofendida, é meu corpo. tudo em mim se transformou. me sinto desprotegida. suma do que não entende. sinto uma pena gigante de todos os amantes. meu coração desafia o infortúnio. me sinto fraca para te querer de novo.

27 de mar. de 2008

Faço de conta que te esqueço surrando minhas saudades. meus versos estão acabados. meu amor em vão pede. tenho muitos sorrisos guardados para ti. a tristeza me cai como uma bigorna. te conquistaria na mentira. meus valores saltitam dentro de mim. criei meu mundo anarquista. espero alguém que entre sem medo. não sou obsessiva por chaves. desapego. janelas abertas. dores no peito. você sumiu dos meus sonhos obediente. minha cama abandonada em meu quarto verde e rosa. te desejo uma mulher comum. Amélia, Atenas e Penélope já não te querem. visões arredias de conforto. lembranças úmidas das noites quentes. não entendo meu desejo. fugiria do passado se soubesse. é urgente meu bem querer pelo poeta. não me destes nenhuma chance. te guardo junto com os objetos mais queridos. criança boba a brincar solitária. redoma de vidro em alto mar. espera que acaba com meu sossego. meus olhos te perdem. mostrei a minha fragilidade. mergulhei novamente nas abstrações. homem passarinho. minha gaiola. resmungo pelos cantos seu canto. mais uma queda dos Pirineus. me sinto quebrada.

24 de mar. de 2008

Logo vou colocar o vídeo "Never forever, forever never" aqui de outra maneira, mas quem quiser dar uma olhada, aí vai o link:

http://br.youtube.com/watch?v=Wjc8D7CsdZ4

Eu escrevi o roteiro baseado no conto "O espelho" do Machado de Assis, o meu preferido dele.


Me encontro da lado esquerdo de minha vida. Deus escreve certo com sua canhota. o mar turvo como eu previ. meus pés estão machucados de belas paisagens. todo o calor da madeira nas entranhas de meus ancestrais. sorrisos de alívio e honestidade. estou gasta. sinto essa saudade idiota. já não sofro pelas lembranças que não pesquei. horas a mercê do acaso. casa de brinquedo. naftalina. enceradeira. forro. cores e estampas. não tenho medo de carregar tantas pedras. me sinto forte momentaneamente. agora esta terrível sensação de conforto. já cheguei até aqui. minha mãe serelepe e rainha. meu comportamento é patético. eles se livraram dos misticismos. construo novas correntes filosóficas. estou perdida. me sinto esmilinguir nas tentativas de te achar. dentro dele mora meu homem governado por uma criança. passaram as ondas que eu queria pular. sou capaz de me libertar. renovamos nosso amor. me falta ainda um. lobo da estepe. tenho medo de me achar em mim. Nau a deriva.

20 de mar. de 2008

Pascoalina

Alegria súbita desiludida. confundo teu rosto nos sonhos. me faz um samba triste. esqueci todos os homens que quis. doses homeopáticas de carinho. falta dos teus. táticas das deusas virgens. fechada para balanço. sentimentos contidos. você em arquivo. meu arlequim cruel. sempre soube que não deveria pular carnaval. semana santa. máscaras fúnebres sobrevoam meu ateliê. poesia visual. teus olhos ainda tocam os meus. ciúme do que perdi em buscar. minhas roupas estão gastas de vida. sujeira em todos os meus cantos. essa casa ainda anseia por um rei. minhas folhas usadas vivem seu último momento de árvore. ramos da paixão. um oásis dentro da loucura. repito gestos piedosos e de fé. fostes antes de chegar. sua ausência me dói no estômago. meu altar não agüenta mais me ouvir. minhas forças te suportam longe. me sinto muito só. quero acabar com a distância. por quê não me quisestes? te achar de novo. quatro ombros em outro rio. batismo de cachaça. te dar meu mundo. feriado cristão. mar turvo sem tuas notas. mea culpa. uma vez na vida tento ser paciente. meu corpo inteiro ainda arde.

18 de mar. de 2008

Vixi, eu tô que tô!
Ganhei essa poesia hoje, foi uma surpresa, sentei na frente dessa máquina, abri meus e-mails e lá estava, chorei... porque ultimamente, e isso é bom, tenho chorado mesmo! Obrigada Florbela!

Rodamoinho

p/ Anike Laurita

antes eu conhecesse de você
mesmo sem nem você nem convidar
foi só pousar as vista e ogunhê
é quem chega quem leva quem traz mar

tiro no escuro, aí que a gente vê
se tanto fogo é palha ou tronco ipê
olho dágua na encruza do lugar
borbulha o rodamoinho no luar

se for perder nas onda de quem ama
vira prum lado vira pro outro lado
firma nessa canoa, o fundo chama

entre o mar entre a mata ta encantado
se cruza o pé na brasa não reclama
o que é do meu caminho ta guardado


da Florbela de Itamambuca
www.escritorassuicidas.com.br



Meus olhos, caleidoscópios
ainda te coloriam de coisas que não eram suas.
Eu podia confiar em você.
Agora, as lentes, molhadas, gastas,
surradas do uso indevido,
não se utilizam mais.
Agora vejo um homem, um amigo, um artista.
Não te vejo mais, isso incomoda um pouco.
Vejo mais carne, mais osso, mais pele,
abstraí de você umas poucas lembranças,
já etéreas, já batidas, descascadas,
misturadas com pitadas de verdade,
cozidas em banho Maria,
distribuídas em porções de tempo
na superfície da pele...
Ainda bem que esse tempo acabou antes do fim.
Agora resta a saudade do que não fomos.

17 de mar. de 2008

Cercada por estas bestas,
homens tão terríveis!
Lembram aquele homem maldito imaginário,
inconsciente coletivo da escória.

Observam-me como hienas,
rindo de minha fragilidade.
Não sabem de onde eu vim,
Harpia disfarçada,
milhões de anos de gestação;
Todas as mulheres humilhadas guardadas em mim,
aguardando a vingança.

Se Zeus caiu, por quê pensam vocês que não cairão?

Desistam, já não há perdão!
Agora só resta aguardar.
Sorrateiramente estarei ao seu lado,
com todo o veneno ingênuo,
das pequenas mulheres enganadas.
Estarei onde menos esperam:
No sorriso de sua filha;
No batom de sua puta;
No calor dos abraços de sua esposa;
Na adolescente colegial;
Na garçonete cansada.

Em cada uma dessas mulheres
maltratadas por seus olhos
que desejam dominar, possuir, rejeitar.
Deus é mulher!
E está aqui a planejar.


O céu chora por mim

A chuva ,
agora abusa de mim e chora...
sem sono, sem tua casa
me sinto a mais mendiga
em busca de alguma coisa
que me tire disso
Mas não sai...
teus carinhos, será?
Não tenho mais pra te dar...
te dei minhas lágrimas
que insistiam em não cair
e resolveram despencar
na reação inútil
de acalentar meu coração
que há tempos não descompassava...
mas outra te apareceu,
pra confundir tuas incertezas
e eu fiquei de novo, ao léo
no meu deserto, tão seco
pode chover...
não vou me molhar,
agora fico como era,
apenas uma mulher a te esperar...

13 de mar. de 2008




De onde veio a mendiga

Carregando tanta mandinga?

E me diga

Pra onde vai tão aflita?

Se Laurita é mesmo o samba da vida...




Essa eu ganhei de presente, da Van, minha querida amiga, que tem sido uma ótima companhia em tempos de tanta intensidade! Obrigada, me senti...
A Ilustração é do J. Carlos.

11 de mar. de 2008



Essa não fui eu que escrevi, mas bem que poderia... não preciso dizer mais nada...
Foi a Adília Lopes, que foi um grande achado literário, uma portuguesa, contemporânea, uma incrível poetisa.

Eclesiastes

Tempo de foder
tempo de não foder
saber gerir os tempos
compor
saber estar sozinha
para saber estar contigo
e vice-versa
aqui estão as minhas contas
do que foi

10 de mar. de 2008




Pedi ao poetinha que me explicasse a vida,

as engrenagens desta coisa que só sei sentir.

Sou apenas uma mulher,

dessas que ele deve ter cruzado;

Me diz que ser feliz é viver morto de paixão.

Meus lutos cansaram...

Querem viver num samba qualquer;

Meus amigos estão presentes,

plantonistas,

sem falhas, nem perdas.

Os outros caminhos,

aqueles do coração,

crio rotas de fuga

todo tempo, o tempo todo.

Defumo a casa, acabo com a festa

me tranco no quarto, desisto de mim.

Busco a mulher que sou acordada.

O Poeta da paixão me salva.

Sou forte com você,

entrego as cartas,

dou meu colo, meu mundo,

minha mais doce e cruel reação;

Criança domesticando uma águia.

Confesso nessa inútil poesia:

Queria ser dessas mulheres que dizem não.


Para o Pedro, que eu conheci no Carnaval, um Arlequim bandido...



7 de mar. de 2008



amicus humani generis

No dia em que rompi com as máquinas
pensei crer no ser humano
sua auto(in)suficiência
que dano - que erro
engano engodo
descrédito fim

não saí de casa
engrenagem da porta atravancada
elevador parado
porta elétrica me eletrocutou
carro parado
telefone não toca
computador deixou sua existência
te perdi nos pixelados retratos
de nunca mais

meu coração quase parou
por engano
marcapasso do meu avô

trair-me-ia
no mais arcaico anta-ante-anti-coloquialismo
se tentasse o suicídio tentei

sou mais máquina que outrora
agora me vejo em desespero
maquino pensamentos remôo
penso pensamento
trai-me mais uma vez

gritei gritei gritei
por socorro
por amigos de uma rede de intra-redes
como tarrafa virtual
nós de atos inter-relacionais
gritei com o peso das bordas

ninguém me veio ali

não tenho amigos
acreditando em todos eles
ninguém me veio ali

desistei

Eu parei
escrevendo tal textocídio
não creio em seres humanos
escravomaquinatas
não confio em máquinas
tão impiedosas

talvez precise de um cachorro ou um quadro –







amantis humani regeneris

no dia em que rompi com o amor cibernético
pensei crer de novo no ser humano
na sua auto-suficiência
seus danos – seus erros
seus enganos, incômodos
seus créditos sem fim

saí de casa
engrenagem da vida destravada
relógio parado
carne elétrica me eletr(ocultou)
coração parado
telefone toca
computador abandonado
te achei nos auto-retratos que pintei
pra sempre meus

meu coração quase acalmou
por engano
marcapasso disparou

me traí
no mais tradicional anti-romantismo
resistindo ao suicídio

sou mais gente que outrora
agora me vejo sem desespero
regurgito pensamentos
sinto sentimento
cansei de me trair

chorei, chorei, chorei
por amor
mas amigos de uma teia tão tecida
a tarrafa que joguei
nós desatados de relações não virtuais
cantei com a leveza das orlas

me acharam ali

tenho amigos
amando todos eles
chegaram a mim

procurei

não parei
escrevendo tal fragmento
eu ainda acredito nos seres humanos
psychécorpórea
desisti das máquinas
tão ultrapassadas

talvez precise de um amor ou uma dose -
Do lado direito Paulo Serau, um cara aí que até que escreve bem, eu resolvi responder do lado esquerdo, uma versão que chamo de Pollyana Hiper-moderna...

5 de mar. de 2008

Fui cruel e chorei.
Matei dezenas de formigas,
traí minha natureza...
Devoravam meu mel,
não toquem no que me resta de doçura.

4 de mar. de 2008

meus olhos não brilham mais como antes. meus amigos já desistiram de me falar sobre minha arte. minha angústia continua transcendental. tenho agido mal com os homens. Atenas anda me supervisionando. amei muito pouco coisas específicas. ainda acredito na humanidade. estou completamente desconcentrada das coisas práticas. mergulhei num profundo mar de abstrações. prefiro não enxergar tão bem. gostaria de sentir os cheiros das lembranças de novo. apenas as coisas mais naturais tem me acalmado. o silêncio anda gigante. minhas roupas estão largas como meus abraços. estou sufocando com a espera de minha atitude. poderia ir embora agora que ninguém notaria. alguém me espera em algum lugar. uma teia de aranha anda me assustando. estou sem apetite para as comidas. devore-me. quando eu desistir não quero mais. já não há flores em minha casa. os livros estão escondidos, junto com os diários que revelam uma pausa na minha vida. tic, tac, tic, tac...

1 de mar. de 2008

já destrui lares inexistentes. reconstrui castelos de areia. enviei flores de plástico. me auto-subornei dezenas de vezes. trai Medéia e cortei a cabeça do pai. cuspi no pão que o diabo amassou. roguei pragas em forma de oração. justifiquei os erros dos outros. andei descalça no piso frio. sou uma mulher com um gênio terrível.