18 de mar. de 2008




Meus olhos, caleidoscópios
ainda te coloriam de coisas que não eram suas.
Eu podia confiar em você.
Agora, as lentes, molhadas, gastas,
surradas do uso indevido,
não se utilizam mais.
Agora vejo um homem, um amigo, um artista.
Não te vejo mais, isso incomoda um pouco.
Vejo mais carne, mais osso, mais pele,
abstraí de você umas poucas lembranças,
já etéreas, já batidas, descascadas,
misturadas com pitadas de verdade,
cozidas em banho Maria,
distribuídas em porções de tempo
na superfície da pele...
Ainda bem que esse tempo acabou antes do fim.
Agora resta a saudade do que não fomos.

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