7 de mar. de 2008



amicus humani generis

No dia em que rompi com as máquinas
pensei crer no ser humano
sua auto(in)suficiência
que dano - que erro
engano engodo
descrédito fim

não saí de casa
engrenagem da porta atravancada
elevador parado
porta elétrica me eletrocutou
carro parado
telefone não toca
computador deixou sua existência
te perdi nos pixelados retratos
de nunca mais

meu coração quase parou
por engano
marcapasso do meu avô

trair-me-ia
no mais arcaico anta-ante-anti-coloquialismo
se tentasse o suicídio tentei

sou mais máquina que outrora
agora me vejo em desespero
maquino pensamentos remôo
penso pensamento
trai-me mais uma vez

gritei gritei gritei
por socorro
por amigos de uma rede de intra-redes
como tarrafa virtual
nós de atos inter-relacionais
gritei com o peso das bordas

ninguém me veio ali

não tenho amigos
acreditando em todos eles
ninguém me veio ali

desistei

Eu parei
escrevendo tal textocídio
não creio em seres humanos
escravomaquinatas
não confio em máquinas
tão impiedosas

talvez precise de um cachorro ou um quadro –







amantis humani regeneris

no dia em que rompi com o amor cibernético
pensei crer de novo no ser humano
na sua auto-suficiência
seus danos – seus erros
seus enganos, incômodos
seus créditos sem fim

saí de casa
engrenagem da vida destravada
relógio parado
carne elétrica me eletr(ocultou)
coração parado
telefone toca
computador abandonado
te achei nos auto-retratos que pintei
pra sempre meus

meu coração quase acalmou
por engano
marcapasso disparou

me traí
no mais tradicional anti-romantismo
resistindo ao suicídio

sou mais gente que outrora
agora me vejo sem desespero
regurgito pensamentos
sinto sentimento
cansei de me trair

chorei, chorei, chorei
por amor
mas amigos de uma teia tão tecida
a tarrafa que joguei
nós desatados de relações não virtuais
cantei com a leveza das orlas

me acharam ali

tenho amigos
amando todos eles
chegaram a mim

procurei

não parei
escrevendo tal fragmento
eu ainda acredito nos seres humanos
psychécorpórea
desisti das máquinas
tão ultrapassadas

talvez precise de um amor ou uma dose -
Do lado direito Paulo Serau, um cara aí que até que escreve bem, eu resolvi responder do lado esquerdo, uma versão que chamo de Pollyana Hiper-moderna...