25 de ago. de 2013


Colagem "La Venus domestica"
 
minhas mãos tremem de não corresponder ao mundo. sentimos medo de tudo e temos refúgios malditos, incógnitos, que vão e vem. num fluxo de sensações e evocações, perambulo pela cidade em busca de não querer nada. passarinho burro, gato feio, cão delinquente. estamos nessa merda dessa barca que nuca afunda. sonho a noite e desisto todo o tempo, o tempo todo. perco meu direito de sol, de vagabundagem e não tenho dinheiro para comprar o ócio. passo fome de vida para não padecer.

5 de ago. de 2013


Fotomontagem - 1884
autor desconhecido
 
e por acaso eu ainda estou aqui,
PRESENTIFICADA.
como nós gostamos de usar.
pois,
a palavra VIVA já banalizamos,
a palavra MATÉRIA desvalorizadíssima no mercado conceitual,
o caminho entortado desde a idade da razão...
a palavra JORNADA dura de mais para se poetizar,
a palavra FINITUDE  demais para encarar,
os ciclos todos naturais,
os rumos todos pervertidos,
os sonhos todos programados em um milhão de bites.
então me PRESENTIFICO, sem laços e datas marcadas,
todo dia, TODO DIA,
pra lembrar
que ainda existo
à revelia da morte surdina de nossos tempos.

6 de jun. de 2013


 
a morte está por aí dançando. saltita seus passos coxos em volta de seus bailarinos. participa do ato final. dois zumbis passam por mim e santa cecília lhes purifica. o caos tornou-se ordem por falta de opção. miseráveis  somos todos e o dia lindo de outono quase não resiste.  cremes antirrugas. suicidas nos trilhos. falta comida amor generosidade. sobram armas e cartões de crédito. god save the tupiniqueem. quase enlouqueço antes de alcançar o word e o vinho barato.

13 de abr. de 2013

quando eu era criança eu era sempre a primeira a chegar.
agora sair e fechar se tornaram minhas palavras.
parei de acreditar no que os adultos dizem.