28 de mai. de 2008

uma gatinha pela casa. enroladinha em seu novelo de sentimentos. branquinha como alma de bebê. dentro guarda a fera a bela a bruxinha dela. fêmea completa com todos os jeitinhos. mil almas da bichana. olhares atentos. dengosa soturna. carinhos bem lentos para não arranhar seu coração.

lá vai ela arrastando pela casa toda sua solidão...

27 de mai. de 2008

trago o peito marcado e a vontade de viver. não desisto fácil e sei esquecer. vivo o passado no futuro e o presente a mercê. ando pequena para disfarçar meu universo. sou gente grande querendo ser o inverso. vou com a maré com a ralé com o que vier. presto atenção nas escolhas mas não no caminho. vivo na cidade mas construo é meu ninho. já fui mais sozinha e continuo passarinho.

vôo longe
um pouco aflita
e essa angústia maldita?

antes voar mais e pensar menos...

20 de mai. de 2008

procissão da saudade na rua do não. passei carregando a minha cruz. te achei me perdi. odoiá minha mãe. as orações não funcionaram. minha fé se esvai. fui peão nesse jogo. acreditei ter encontrado meu bem. fostes tão displicente com o sagrado. restituo minha crença. desisto desta penitência. estandarte da dor. meus sentimentos enfeitam seu chão. resignada te abandono. seu santo não quis o meu. tristeza em riste. meu coração de novo judiado. vigília em minh'alma. minhas preces estão gastas. anjo da guarda seca minhas lágrimas. você era meu e não sabia. derradeira declaração. não sei o que fazer com o que era para ser seu. dei mais do que você podia receber. via crucis da paixão. quanto pecado suporta um amor? veio bandido se foi ferido. ELE não perdoa seu medo. em volta a aridez. vou apagar aquela promessa. começar uma novena. refazer os meus pedidos. me proteger da solidão.comprar um patuá. desistir de te buscar. exagerar na oração.
Obra "Anunciação" de Farnese de Andrade.

15 de mai. de 2008

estou aqui nesse lugar iluminado de tristeza. meu tempo está curto como meus cabelos. minha casa mais vazia que nunca chora quando eu saio. aquele homem nunca mais apareceu. insisto no impossível porque gosto da possibilidade do milagre. parece-me que alguma coisa em breve vai acontecer. os dias tem sido lindos longos criativos. o medo não tem aparecido. continuo à flor da pele. o oratório anda silencioso. perdi quilos gargalhadas carinhos em horas de burocracia. justo. sou essa mulher que continua sem estrela guia. trilho sozinha o caminho que mapeei para meu bem. às vezes nada tem sentido. continuo mendigando o que me devia ser dado. dar receber. só cheguei até aqui porque não gosto de ficar parada. anti passiva autista autônoma. umas cinco pessoas elogiaram meu sorriso nos últimos dias. fico feliz com isso. posso andar desacompanhada. continuo só amor e estranhamento. não estou ao Deus dará. conjugo os verbos no tempo certo e Saravá!