
Clica na imagem, respira fundo, vai até uma floresta e lê!
acumulo milhões de objetos para me defender. minha casa possui habitantes novos e velhas angústias. a frase ficou na minha cabeça como mantra. “ele era o homem mais feliz do mundo”. todos os dias ela se repete dentro de mim. minha incompetência é latente. queria apenas me entregar ao inanimado. ainda assim muitos não desistem de mim e isso me deixa triste. se foi tão feliz foi permissivo com a loucura. não consigo seguir a lei do Zorba. me apego ainda as armadilhas. algemas coloridas e encantadas. meu pai ficou com todas as chaves. sinto vontade de gritar não a máscara velha e batida. preciso de organizadores espaço marca passo. meu corpo me abandonou. me deixem em paz. quando vocês desistirem finalmente vou florescer.
Às vezes a gente tem a ilusão de que quando a gente conquistar certas coisas a vida vai estar perfeita...Não é assim, você já percebeu? Você conquista uma coisa que vem com um pacote. Neste pacote vem um manual de instrução, regras, mudanças necessárias, bula com os efeitos colaterais e contra-indicações e por aí vai.
Só agora entendo o que significa “a insustentável leveza do ser” e já tenho mais de uma interpretação.
De repente vivo um filme que algum dia eu construí na minha cabeça... ser livre, independente, trabalhar com arte, viver a arte, ter alguém...
E sem perceber, achando sempre que estava muito longe disso, aqui estou eu, vivendo exatamente o que a menina da estrada de barro e noite estrelada sonhou, essa é minha vida agora.
Eu deveria estar plenamente feliz, não?
E eu que aprendi a lhe dar com o presente, a desistir de reclamar e assumir o que se apresenta, me vejo agora numa situação que me deixa dormente e com vontade de correr ou gritar.
Eu não quero renegar o que conquistei, mas não sabia que vinha com esse pacote.
Chego cansada e não tenho mais amor suficiente para doar. Não tenho tempo para ver meus amigos e passar aqueles momentos que a vida faz pleno sentido. Assumo responsabilidades acreditando que posso realmente dar conta de tudo e me sinto desapontada e triste percebendo que quando você oferece muita energia para uma coisa, não sobra para as outras.
Que mundo difícil para os apaixonados, a efemeridade e a velocidade de fato não combinam com um poeta.
Eu ainda não me acostumei e talvez nunca me acostume com o telefone tocando o tempo inteiro, com milhões de e-mails para responder, com o fato, de que por mais que você goste de uma pessoa no trabalho a relação é diferente.
Também não sei o que fazer quando o amor começa a despencar nas brigas cotidianas mesmo com meu coração cheio de amor.
E por mais bem intencionada que eu seja sempre existe a grande possibilidade de estar falhando com as pessoas mais importantes.
É um quebra-cabeça difícil a história que queremos construir.
Queria de novo ser criança e só brincar e me sentir ansiosa simplesmente com a possibilidade da chuva no dia que meu pai disse que ia me levar até a praia...
Hoje eu tiro as reticências do meu texto, escrevo seca como o vinho que bebo, choro sozinha pelos cantos com vergonha de falar o que se passa dentro de um peito que abarca o mundo e não dá conta nem do seu pequeno espaço.
Se eu tivesse uma rosa ela morreria rápido.
No meu planeta estamos em crise, meus reis estão de férias.
Era um pedaço da minha coxa, como se fosse no Macunaíma, que perdido de mim, eu não sabia.
Com a carne de volta, meu coração bate certo, meu peito suspeito, resolve amansar.
Aí, aquela fera, de lúcifer e quimera, para uma gato ronronando ou uma criança manhosa, são dois passos, ou um olhar...
Eu já fui das minhas mil, mais ou menos, aproximadamente em média, umas trezentas almas.
Delas eu guardo poucas lembranças, lembro muito das sem caráter, das heroínas e das erradias.
Aí, recebi o amuleto. Em terra de cego, antes tarde do que nunca!
Minha muiraquitã, minha pequena órfã...
De pátria e de amor,
Deixemos para lá toda a rapsódia...
No verde e amarelo (ou em pratos limpos)
Deixo o limbo e minha Ci volta a reinar.