6 de nov. de 2008

Marc Chagall- Le Cirque bleu (1950)

meu cavalheiro de saia se foi. antes mesmo que eu pudesse desvendar sua segunda pele. o céu e as árvores deste fim de tarde estão terríveis. meu corpo reclama a sede da fonte que esvaziou. parece-me sem sentido dizer o quanto ainda chove aqui dentro de mim. surdo mudo e calejado das minhas contradições. a mulher interessante foi passar férias no Japão. me deixou essa boba e confusa menina desocupada. quanto a casa, deixo-a minimamente preparada para o retorno da deusa. as nuvens nervosas no agito do vento. as vozes das malditas crianças me lembram aquele outro mundo que habitei com tanto ânimo. agora este total descontrole de futuro e passado. presente em mim você como uma marca que nada pode tirar antes de sangrar. já fui a lugares distantes tentar entender. não há explicações para o que é tão profundo. posso decidir pelo certo, mas você não faz parte disto. nunca fui movida pelas escolhas certeiras. teimosia ancestral. meu rei, meu rei. mudei para te ver e perdi tudo no caminho a te buscar. ainda resta para você uma fidelidade grega. mesmo você cego de tanto se enxergar.

Nenhum comentário: